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segunda-feira, 13 de abril de 2009

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TGV SIM, OU TGV NÃO?

A propósito de periferia - TGV sim, ou TGV não?
Não se deve inferir do que segue que se concorda com o esbanjamento de dinheiros públicos. Sempre os critiquei e sempre achei e acho que precisamos de muito investimento em saúde, na justiça, na educação, etc. Nestas áreas não se pode contudo negar que também se está a fazer muito, ou o possível, embora fosse necessário fazer ainda mais, sobretudo na Justiça e noutra política de saúde. Muito teríamos de conversar sobre estes assuntos.

O TGV e o novo Aeroporto

Temos de tirar o país do marasmo em que vive desde há séculos. Basta de “pequenez” e de modéstia ”pelintra”. Tanto mais que estes investimentos poderão de facto atrair o investimento privado nacional e estrangeiro (assim os estudos de viabilidade económica os atraiam, e a actual crise financeira mundial se esbata) e criar muito emprego não epenas temporário, em virtude das repercussões económicas em cascata que provocarão. Trata-se dos tais investimentos estruturais de que a nossa economia tanto necessita e que a estimularão.
Foi precisamente por terem investido a seu tempo em comboios de muito alta velocidade (TGV-Trains Grande Vitesse ou outros), em aeroportos e noutras infra-estruturas do género, que os espanhóis conseguiram alcançar o nível de desenvolvimento económico de que hoje desfrutam. A Espanha, que até antes da actual crise internacional, passou por uma fase de grande desenvolvimento económico, está atravessada por TGVs em várias direcções! O aeroporto de Málaga, que nem é a capital de Espanha... foi ampliado e renovado em grande escala há dois anos. Os espanhóis estão também muito interessados na ligação ferroviária rápida para transporte de mercadorias com o magnífico porto de Sines, que lhes abrirá as portas do Atlântico!! Por vezes ouço comentadores esquecerem-se disto, intencionalmente ou não.

Quando deixaremos nós, portugueses de almas pequenas, de passar a vida a lamuriar-nos, dizendo que o país não necessita deste tipo de investimentos que nos permitirão finalmente acompanhar os progressos do resto da Europa e a ela ficarmos mais moderna e rapidamente ligados? Não é esse também o objectivo das instituições europeias (Comissão, Parlamento) ao proclamarem a necessidade de interligações ferroviárias rápidas entre pelo menos as capitais dos diversos países da União? E não vai a União Europeia, a Comissão Europeia, contribuir com consideráveis fundos para a realização destas obras? Vai e já contribuiu há pouco com a primeira "tranche". Veja-se



Não nos bastaram os tempos salazaristas do "orgulhosamente sós" que tantos prejuízos causaram à modernização do país? Ficámos marcados para sempre pelo bafiento salazarismo? E não se revestirão estes investimentos público/privados também de um carácter de serviço público que o Estado deverá suportar na proporção que lhe competir (se a rentabilidade económica não satisfizer por completo, pelo menos de início, os investidores privados), tal como o faz no que se refere ao ensino, à saúde, suportando em parte os custos? Um Estado não deve ter sempre desígnios mais elevados, de longo ou médio prazos?
Que ao menos e finalmente haja um governo que promove o estudo de viabilidade económica destes dois projectos, aceitando finalmente os seus resultados, pois já basta de “lamechices” e de constantes hesitações. Ficar para trás eternamente, nunca mais. O comboio ultra rápido, o TGV em direcção a Madrid (TGV ou os de outros fabricantes!), também permitirá a entrada rápida de muitos dos turistas que actualmente visitam Espanha e que, com toda a facilidade, passarão também a visitar Portugal através desta via. E assim deixarão cá os euros, os dólares e as restantes moedas que tanta falta nos fazem... Há muita gente que receia viajar de avião. Esses virão então em maior quantidade, pois de Madrid a Lisboa será um salto fácil e rápido de dar. E não se tratará apenas de turistas, mas também de gente que virá em viagens de negócios. O intercâmbio cultural, empresarial, etc. dilatar-se-á. O nosso país deixará de ser encarado como país periférico da Europa. O novo aeroporto contribuirá igualmente para o mesmo efeito e colocará o país nas rotas intercontinentais. O mundo está em evolução rápida: o que hoje é adquirido como realidade absoluta pode não o ser daqui a 10 ou 15 anos. Quanto ao TGV em direcção ao Porto, a sua necessidade é menos evidente, mas o que se pretende é pôr a funcionar um comboio ultra-rápido que ultrapasse o Porto e que vá ligar com os comboios da Galiza. Os galegos estão extremamente interessados nessa ligação que vai permitir intercâmbios rápidos nas áreas económica, social, turística e cultural. E é disso que este país tanto precisa. E eles vêem longe, não sofrem de miopia.
Temos de tirar o país do marasmo em que vive desde há séculos. Basta de “pequenez” de alma e de modéstia extrema, tanto mais que estes investimentos poderão de facto atrair o investimento privado nacional e estrangeiro (esperemos que os estudos de viabilidade económica demonstrem que, de facto, os vão atrair) e criar muito emprego que não será apenas temporário em virtude das tais repercussões económicas em cascata.
Há quem hesite? Outros concordarão e não são poucos !! Os Velhos do Restelo também hesitaram e tentaram resistir à Aventura. Apesar das suas posturas e ideias negativas, a viagem fez-se; os heróis não temem os riscos; a ousadia é a sua alma. Chegando à Índia, como chegaram, conquistaram o mar e a terra. Neste sentido, por linhas travessas ter-se-á escrito direito e foi então que, à sua maneira, Portugal foi pioneiro na globalização da economia mundial na época dos Descobrimentos.
Por outro lado, seria interessante saber que estudos de viabilidade económica se fizeram no tempo das caravelas e do Infante Dom Henrique... É claro que hoje em dia é impensável não os fazer, mas a verdade é que, naquele tempo, aqui como noutros países, o ímpeto imperava e produzia frutos. Não fora a utopia e a visão do Infante, e nunca teríamos saído daqui. E naquele tempo nem sequer se sabia bem o que se iria encontrar Além-mar e se a aventura seria rentável ou não !! A aventura, porém, valeu a pena e deu origem a um Império. Lá vieram as especiarias, lá vieram os ouros e as pratas, lá vieram os diamantes e depois o petróleo, etc. Terminou o Império e agora o país necessita de novas caravelas sob a forma de TGVs e de arrojo aeroportuário.
Repito: basta de marasmo económico e cultural e basta de chamar criminosos a estes investimentos, como tenho ouvido chamar-lhes. Basta de “pequenez” de alma.
Querem os senhores comentadores governar o país? Constituam um novo partido que poderá denominar-se “PDC - Partido dos Comentadores” ... e proponham ao Presidente da República a convocação de NOVAS eleições antecipadas (mais umas...). Se as ganharem, ofereçam-se para nos governar, já que tanta intuição têm para isso e já que ser o país governado pelo PCP/CDU ou pelo Bloco de Esquerda é impensável numa Europa de democracias-cristãs, de social-democracias e de socialismos ou trabalhismos. Então é que daqui fugiriam todos os investimentos nacionais ou estrangeiros. E lá se iriam - para mais nesta época de crise internacional - mais uns bons milhares de postos de trabalho que tanta falta fazem a famílias desesperadas.

*Não travar, para avançar*