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sábado, 30 de abril de 2011

ZECA AFONSO...a referência

E que tal, no meio desta infindável crise, escutarmos um pouco o Zeca Afonso? Já lá vão tantos anos, mas a letra é perfeitamente actual.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

E que nos vai acontecer?

Sim, o que vai acontecer a este cantinho que é Portugal? Não podemos viver de empréstimos eternamente, mesmo que a taxas de juro inferiores àquelas a que estamos habituados. A solução, patente aos olhos de todos, seria investir, produzir e exportar muito mais a breve trecho, o que, pelo menos a breve trecho, não é infelizmente possível. Há no entanto uma área que poderemos explorar intensamente com criatividade e que certamente fará entrar rapidamente abundantes recursos financeiros : o turismo. Para isso, entre outros meios, teremos de recorrer aos novos meios de comunicação global de que hoje todo o mundo dispõe: a internet e as suas redes sociais, além dos meios tradicionais. É esta a única área que nos pode fazer entrar receitas muito rapidamente. Para isso será necessário publicitar o país a 360º, por todo o planeta, chamando a atenção dos destinatários para o seu clima, para a sua História, para os seus recursos naturais, para os seus monumentos, para a sua gastronomia, para a sua paz, etc. A instabilidade política que actualmente se vive no Norte de África até poderá ser um factor a aproveitar a nosso favor. Muita coisa já se tem feito mas, atendendo à situação do país, muito mais será necessário fazer. Publicitar o país, como digo, e erguer nele novas infraestruturas de acolhimento, de qualidade, para todas as classes sociais que nos visitem. De alto a baixo do país. Empresas nacionais empreendedoras e com capital para esse efeito existem algumas.
Se o não fizermos, teremos de continuar a viver essencialmente de empréstimos, embora seja de desejar que se discutam as taxas de juro respectivas, condicionadas pelos abusivos valores referenciados nessa área pelas empresas de rating. Esta opção que neste momento nos resta, deverá ser aproveitada com a parcimónia possível. Vivemos centenas de anos apoiados no que a certa altura a ditadura passou a designar Províncias Ultramarinas (tradicionalmente as colónias). Era de lá que vinha muito do nosso sustento económico e financeiro. Enquanto isso durou vivemos cantando e rindo, apesar da terrível ditadura que nos oprimiu durante 50 anos. Fomos pontapeando alegremente a "bola", o que ainda hoje acontece e ocupa lugar preponderante no quotidiano de uma maioria da nossa população, e vamos festejando os feriados e as não parcas "pontes", banhando-nos nas temperadas águas das nossas praias e passeando pelas acolhedoras paragens de além mar, onde deixamos os nossos escassos euros (Caraíbas, Cuba, América do Sul e similares). Não há como enfiar as cabeças na areia e ignorar as realidades.
A verdade é que a Grécia, "gerida" actualmente pelo FMI e beneficiária dos seus empréstimos desde há cerca de um ano, não está em melhor situação do que aquela em que antes se encontrava. Ou seja: não são de facto os empréstimos que melhoram definitivamente a situação económica e financeira de qualquer país porque não vão ao fundo da questão, mas sim o seu crescimento económico. Apenas a disfarçam, o que é o mesmo que dizer que disfarçam a situação económica e financeira de todos e cada um de nós. Que entretanto vamos assobiando para o ar e cantando e rindo. A actual crise é realmente inédita porque é global e é profunda e grave. E é este o país que presentemente temos.

domingo, 24 de abril de 2011

Fernando Pessoa, em 1919, sobre Portugal


Já dizia Fernando Pessoa em "Como organizar Portugal", na publicação "Acção", Órgão do núcleo de acção nacional, 1919 : "Há só um género de transformação, aplicável a uma nação inteira, e pela qual se lhe avive o espírito e se lhe desperte interesse e vontade: é uma transformação profissional. E, como se trata de um país atrasado, e todos os países atrasados são predominantemente agrícolas, é evidente que a única transformação profissional a fazer, e que preenche todas as condições exigidas, é a industrialização sistemática do país . E acrescentava em jeito de síntese: "Educação simultaneamente da inteligência e da vontade, transformador ao mesmo tempo da mentalidade geral e do atraso material do país, o industrialismo sistemático, sistematicamente aplicado, é o remédio para as decadências de atraso, é portanto o remédio para Portugal." Fim de citação.
Durante muitos anos tentou-se de facto industrializar o país. Exemplos disso foram as empresas industriais do Grupo CUF - Companhia União Fabril (Sector Químico): fábricas de óleos alimentares e sabões, produção de azoto (na União Fabril do Azoto), Compostos vinílicos (na PREVINIL), Bioquimica (na Microfabril) e em muitos outros sectores industriais, conforme se pode comprovar neste artigo da Wikipedia

Companhia União Fabril

Com a Revolução de 25 de Abril de 1974 (aliás muito bem vinda por nos ter libertado da execrável ditadura salazarista do Estado Novo) houve muitos desvarios cometidos por alguns dos partidos da esquerda e da extrema esquerda (felizmente apenas alguns) e a companhia foi desmembrada e nacionalizada, tendo cessado a quase totalidade das suas actividades. O mesmo aconteceu a outras empresas como a Sacor, a Petrosul, a Sonap, a Cidla, a Companhia de Caminhos de Ferro Portugueses, a Companhia Nacional de Navegação, a Companhia Portuguesa de Transportes Aéreos Portugueses, a Siderurgia Nacional, a Aliança Eléctrica do Sul, a Companhia Eléctrica do Alentejo e Algarve, a Companhia Eléctrica das Beiras, a Companhia Hidroeléctrica do Norte de Portugal, as Companhias Reunidas Gás e Electricidade, a Companhia Portuguesa de Electricidade, a Eléctrica Duriense, a Empresa Hidroeléctrica do Coura, a Empresa Hidroeléctrica da Serra da Estrela, a Empresa Insular de Electricidade, a Hidroelétrica do Alto Alentejo, a Hidroeléctrica Portuguesa, a Sociedade Eléctrica do Oeste e, finalmente, a União Eléctrica Portuguesa. A Sonap e a Siderurgia Nacional, por exemplo, eram empresas que também muito contribuíam industrialmente para a riqueza do país e para a criação e manutenção de emprego.
É de empresas destas que actualmente necessitamos. E era isto que, com a sua ampla visão, já via Fernando Pessoa em 1919.