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sexta-feira, 25 de março de 2011

Sim! E agora, Portugal?


A imagem acima pretende recordar vivamente que estamos todos, praticamente o mundo inteiro ou, pelo menos, muitos países do Hemisfério Ocidental, perante uma crise económica e financeira global sem precedentes e que ainda ninguém sabe verdadeiramente onde nos vai levar. Que terá de haver uma inusitada transformação profunda dos sistemas económicos e financeiros ninguém duvida. Agora quanto à resposta possível para a nossa crise em particular, consiste ela, infelizmente, em mais sacrifícios, embora melhor distribuídos pelos estratos sociais que melhor os podem suportar. E não o aumento da taxa do IVA, conforme incongruentemente acaba de aventar o milagroso Pedro Passos Coelho. O mesmo que ainda há dias se recusava a admitir qualquer aumento de impostos. E logo o IVA? É que o IVA é realmente o imposto mais injusto porque afecta mais os que menos podem pagar. 2 pontos percentuais de aumento sobre a actual taxa de 23% afectam mais os que têm menores rendimentos e muito menos os que mais podem pagar. Estes não se importam de pagar 2 pontos percentuais a mais sobre a actual taxa de 23% num produto que lhes possa custar 1000 euros (ou seja, não se importam de pagar mais 20 euros) enquanto estes 20 euros afectam consideravelmente mais quem apenas tenha um rendimento mensal de 800 euros, por exemplo, em comparação com os, suponhamos, 20000 euros que aqueles outros auferem mensalmente. É essa a razão por que se diz que o IVA, que é um imposto indirecto, é socialmente injusto. A sua incidência nos salários, nos rendimentos, é regressiva. E é de espantar que quem na véspera se recusava terminantemente a admitir qualquer aumento de impostos porque isso iria conduzir a maior recessão económica, logo no dia seguinte os admita... Porquê? Porque os milagres que antes anunciava são impossíveis de concretizar. E aí virá - se vier, se os portugueses votarem maioritariamente nele, caso haja eleições dentro de cerca de 2 meses - um "PEC 4" ainda mais pesado. Especialmente para quem pode menos. A seguir virá a supressão do 13º e do 14º mês, etc. No fim de contas, o que acabará por suceder será a aplicação de medidas semelhantes às que o FMI acabaria por impor para supostamente salvar Portugal da bancarrota. Por isso o "salvador" nunca anunciou antes as medidas alternativas que iria aplicar... Nunca as anunciou. Foi também essa a razão porque, antes da votação em plenário na Assembleia da República, não quis negociar com o PS qualquer alteração ao PEC 4. Negociações que tantas vezes lhe foram propostas pelo Partido Socialista. E foi também por isso que Miguel Portas lhe chamou hoje em Bruxelas "um farçante". Esperemos que, se para 1º ministro vier a ser eventualmente eleito, e para bem de todos nós, desminta este apodo. É que Passos Coelho ainda é muito novo e ainda não possui verdadeira dimensão de Estadista.
M. César