Páginas

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Outra demonstração da nossa periferia

Esta manhã precisei de falar para a Antena 2 da RDP por este "canal" de rádio andar desde há cerca de 15 dias com instantâneos "engasgues" durante a emissão. A pessoa que me atendeu dos serviços técnicos disse-me: "Pois é, mas, sabe, nós dependemos de Madrid ! As emissões da RDP já não são emitidas por feixes hertzianos, mas são-no sim por satélite e o satélite depende de Madrid. E foram eles, os espanhóis, que também puseram aqui um aparelho especial para isto funcionar... Quando eu falo com a minha colega de Madrid a queixar-me e a explicar-lhe a deficiência (em português, como não podia nem devia deixar de ser), a minha colega responde-me "No te entiendo!". E como Sua Excelência "No nos entiende...", passamos a ouvir Chopin, Beethoven, Liszt, Wagner, Mozart e todos os demais... "engasgados". Só faltava mais esta para acentuar a nossa periferia... Se calhar teremos de fazer "una nueva Revolución de los Claveles". Que tal?

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

BREAKING NEWS FROM SKY NEWS

Just received: Sky News continua a não apresentar LISBOA e a sua temperatura nos seus Weather Forecasts. Só apresenta Madrid e todas as outras capitais, desde a Europa de Leste. E esta? O que nos falta fazer? O que é que me recomendam?

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Hoje é o amanhã de ontem

Típico do modo de pensar genérico dos portugueses - que acentua ainda mais a nossa periferia - é adiar... para amanhã: "Oh ! Faz-se isso amanhã. Não tenhas pressa." Só que nesse amanhã se volta a adiar. Os restantes países europeus não seguem em geral esse princípio e vão acelerando o crescimento das suas economias e melhorando os seus índices de produtividade e de rentabilidade, bem como o seu bem-estar social. Passada esta crise global (esperemos que passe...) veremos em que situação ficaremos se continuarmos a adoptar esta postura de "adiarmos para amanhã"...

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Cantata nº 201 de Bach

Para ouvir, clique aqui
E na coluna à direita do site que vai abrir poderá escutar outras belas composições musicais de BACH (nomeadamente outras Cantatas)

AS QUALIDADES TERAPÊUTICAS DA BOA MÚSICA

A boa música retempera a alma
A boa música sara dela as feridas
A boa música refrigera, acalma
A boa música preserva muitas vidas
A boa música é intemporal e eterna
A boa música é fraterna e terna.
A boa música é perene e bela
Inconcebível é viver sem ela.


M.C.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Não sou de desistir... A SKY NEWS e os seus Boletins Meteorológicos

Eis outro mail que lhes enviei hoje sobre este assunto:
Dear Sirs,


Three days ago I sent you this e-mail:


"Dear Sirs,


I'm writing you from Lisbon, Portugal. You obviously know that the Iberian Peninsula comprises two independent and distinct countries, namely Portugal and Spain. However, when you show your weather forecasts (we see your TV broadcasts as supplied by our TV Cable company, namely ZON TV CABO http://www.zon.pt/Televisao/cabo/pacotes.aspx?gclid=CMu8-tXh9p8CFc9k4wodS1ToYQ or http://www.zon.pt/ you only show the temperature and other weather conditions for Madrid (Spain). Our country (Portugal) is represented only by a grey rectangle without any reference whatsoever to our capital city (Lisbon) and to its weather forecasts. So, it seems Portugal doesn't exist for you... That's a shame. Portugal belongs to the European Union; Portugal is an independent country since 1140 AD. Portugal, as all other european countries, has Meteorological Services called the "Instituto de Meteorologia". Here is their site: http://www.meteo.pt/pt/ (or, the same site in english: http://www.meteo.pt/en/index.html )


So, would you please include our country in your weather forecasts and not show us in your european maps as an anonymous, unidentified, grey rectangle?


You wouldn't do us any favour. Instead, you would show all the world that you are a responsible, well informed TV station.


Best regards,
Mario Cesar Borges Marques de Abreu
Lisbon, PORTUGAL, February 16, 2010
my other e-mail address: m.mario.cesar@gmail.com"


Now, please see this link (especially the part which I transcribe below).
http://www.fco.gov.uk/en/travel-and-living-abroad/travel-advice-by-country/europe/portugal


TRANSCRIPTION:


"Around 2,254,300 British tourists visit Portugal every year (Source: Portuguese National Statistical Office (www.ine.pt). Most visits are trouble-free. 397 British nationals required consular assistance in Portugal in the period 01 April 2008 – 31 March 2009 for the following types of incident; deaths (208 cases); hospitalisations (91 cases); and arrests, for a variety of reasons (22 cases). During this period assistance was also requested with regard to lost or stolen passports (612 cases). You should be alert to the risk of petty theft. See the Crime section of this advice for more details. If you need to contact the emergency services in Portugal call 112."


Since 3 days ago (after I sent you my mail above... don't know if it is a mere coincidence) Portugal is not represented anymore by a grey rectangle. Now it is represented (like Spain) with various tones of green. We wish to congratulate you for that improvement... However, the name of our country, or even of our capital city (Lisbon) isn't yet shown in the map when you broadcast your weather forecasts. We only see Madrid and it's weather forecasts.
The weather conditions of Madrid are absolutely different from those of Lisbon. Madrid is situated in the central part of the Iberian Peninsula. Lisbon is situated in the litoral, facing the Atlantic Ocean. Under these circumstances, Lisbon is usually much less cold in the Winter and much less warm in the Summer.
Why do you insist in not showing the weather forecasts for Lisbon? Is that due to a subconscious bias? That is: for you and for your meteorologists the Iberian Peninsula is fundamentally Spain, and Portugal is a kind of Spain's minor administrative region...? If that's what you think about our country, you are absolutely WRONG, utterly MISTAKEN!! You should know that. (please read again the explanations I gave you in the mail I sent you three days ago (transcribed above).


We will go on watching your "weird" weather forecasts for the Iberian Peninsula, that is, for PORTUGAL and Spain. All the other european countries are correctly identified in your weather forecasts and you show their temperatures and other weather conditions. Portugal is the only exception... Isn't that strange and utterly unacceptable?


Best regards.
Mario Cesar Borges de Abreu
Lisbon, February 19, 2010
m.mario.cesar@gmail.com

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Mail enviado à televisão SKY NEWS

Dear Sirs,


I'm writing you from Lisbon, Portugal. You obviously know that the Iberian Peninsula comprises two independent and distinct countries, namely Portugal and Spain. However, when you show your weather forecasts (we see your TV broadcasts as supplied by our TV Cable company) you only show the temperature and other weather conditions for Madrid (Spain). Our country (Portugal) is represented only by a grey rectangle without any reference whatsoever to our capital city (Lisbon) and to its weather forecasts. So, it seems Portugal doesn't exist for you... That's a shame. Portugal belongs to the European Union; Portugal is an independent country since 1140 AD. Portugal, as all other european countries, has Meteorological Services called the "Instituto de Meteorologia". Here is their site: http://www.meteo.pt/pt/ (or, the same site in english: http://www.meteo.pt/en/index.html )


So, would you please include our country in your weather forecasts and not show us in your european maps as an anonymous, unidentified, grey rectangle?


You wouldn't do us a favour. Instead, you would show all the world that you are a responsible, well informed TV station.


Best regards,
Mario Cesar Borges Marques de Abreu
Lisbon, PORTUGAL, February 16, 2010
My e-mail address: m.mario.cesar@gmail.com

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Sobre a imensidão do Universo

É tão vasta e complexa a imensidão do Universo que:
a) somos demasiado ínfimos para termos nele significado relevante ;
b) as nossas dissenções, divergências, disputas, querelas e conflitos de interesses são igualmente irrelevantes perante tal imensidão; têm tido relevância e significado na História da Humanidade, mas, presenciadas lá de longe, devem parecer um tanto ridículas.. Ocupados e preocupados com as nossas pequeninas "coisas", nem nos interrogamos acerca do significado desta imensa e exuberante realidade que nos rodeia. Normalmente esquecemo-nos dela e aceitamo-la como facto consumado que não merece qualquer outra reflexão... Se não, vejam e ouçam

sábado, 13 de fevereiro de 2010

De onde veio o Universo e os seres que ele contém?

Conforme digo ali em cima "Outros temas serão tratados" neste blogue, ao sabor da inspiração momentânea. E aqui está um tema muito interessante e que não é novo e tem sido abordado por inúmeros pensadores: no link que se segue poderão ver e ouvir um conjunto de lições expostas por um engenheiro americano de comunicações, que começa com esta
Agora só falta decifrar quem é Deus, quais os seus profundos desígnios, que outros seres criou no Universo (se os criou, mas, se não os criou, o Universo é um desperdício) e, finalmente, porque lhe chamámos Deus, God, Gott, Dieu, Dios, Dìo, etc. e não o designámos de outro modo (uma questão etimológica? Bíblica? Um dos significados mais antigos da palavra Deus é "O Invocado"). A razão é complicada. Se não, veja-se este site E, já agora... A forma de Deus? Terá Ele forma? E, se a tiver, será humana? E porque haveria de ser humana? Ou assumirá diversas formas, consentâneas com as dos diversos seres (pelo menos os racionais) que tenha criado por esses Universos fora? Ou será Ele apenas uma energia? Consequentemente, sem forma aparente. Uma potentíssima energia criadora e consciente? Segundo alguns será isso. Uma energia fora do espaço e do tempo. Não teve origem nem terá fim. Não está ela, essa energia, condicionada pelo tempo e pelo espaço. Conseguimos imaginar?

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Às vezes a nossa alma regozija-se

Artigo sobre Portugal pelo Embaixador Britânico


Dez coisas que melhoraram em Portugal nos últimos 15 anos.
Por Alexander Ellis,
Embaixador Britânico em Lisboa



Chegou a época do espírito natalício. Então, deixemos de lado quaisquer miserabilismos e concentremo-nos nas coisas boas - não como escape mas como realidade. Vivi em Portugal há quinze anos. Agora, de volta, quero sugerir dez coisas, entre muitas outras, que melhoraram em Portugal desde a minha primeira estadia. Não incluo aqui coisas que já eram, e ainda são, fantásticas (desde a forma como acolhem os estrangeiros até à pastelaria).


Aqui ficam algumas sugestões de melhorias:


- Mortalidade nas estradas; as estatísticas não mentem - o número de pessoas que morre em acidentes rodoviários é muito menor, cerca de 2000 em 1993 e de 776 em 2008. A experiência de conduzir na marginal é agora de prazer, não de terror. O tempo do Fiat Uno a 180 km/h colado a nós nas auto-estradas está a passar.


- O vinho; já era bom, mas agora a variedade e a inovação são notáveis, com muito mais oferta e experiências agradáveis. Também se pode dizer a mesma coisa sobre o azeite e outros produtos tradicionais.


- O mar; Lisboa, em 1994, era uma cidade virada de costas para o mar; poucos restaurantes ou bares com vista, e pouca gente no mar. Hoje, vemos esplanadas e surfistas em toda a parte. Muita gente a aproveitar melhor um dos recursos naturais mais importantes do país.


- A zona da Expo; era horrível em 1994, cheia de poluição, com as antigas instalações petrolíferas. Agora é uma zona urbana belíssima, com museus e um Oceanário entre os melhores que há no Mundo.


- A saúde; muitos dos meus colegas têm feito esta sugestão - a qualidade do tratamento é muito melhor hoje em dia, apesar das dificuldades financeiras, etc. A prova está no aumento da esperança de vida, de cerca de 74 em 1993 para 78 anos em 2008.


- Os parques naturais; viajei muito este ano do Gerês a Monserrate ; tudo mais limpo, melhor sinalizado, mais agradável. O pequeno jardim está, de facto, mais bem cuidado.

- O cheiro. Sendo por natureza liberal nos costumes sociais, não fui grande fã da proibição de fumar - mas, confesso, a experiência de estar num bar ou num restaurante em Portugal é hoje mais agradável com a ausência de tabagismo. E a minha roupa cheira menos mal no dia seguinte.

- A inovação; talvez seja fruto da minha ignorância do país em 1994, mas fico de boca aberta quando visito algumas das empresas que estão a investir no Reino Unido ; altíssima tecnologia, quadros dinâmicos e - o mais importante de tudo – não há medo. Acreditam que estão entre os melhores do mundo, e vão ao meu país, entre outros, para prová-lo.

- O metro de Lisboa. É limpo, rápido, acessível e tem estações bonitas.

- As cores; Portugal tem e sempre teve cores naturais bonitas. Mas a minha memória de 1994 era o aspecto visual bastante cinzento das cidades, desde a roupa até aos carros. Hoje há mais alegria - recordo um português que me disse, talvez com tristeza, que o país estava a tornar-se mais tropical. Em termos de imagem, parece-me um elogio!

Esta é a minha lista. E a sua?
Alexander Ellis,

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Como é em Espanha

Veja-se o que faz uma "Subdirección General de Cooperación Cultural Internacional" do Ministério da Cultura de Espanha.
Exactamente o que sugiro que se fizesse aqui para promover a nossa cultura no exterior, em todas as suas áreas.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Fernando Pessoa sobre a necessidade de promover a cultura portuguesa no estrangeiro

Olvidemos o Secretariado da Propaganda Nacional (mais tarde SNI) do Estado Novo (criado e dirigido por António Ferro, sob Salazar, e moldado sobre ideário nazi de Goebbels...), e meditemos acerca da necessidade da criação de uma instituição que promova veementemente no estrangeiro a cultura portuguesa, de que já aqui falei ontem e que bem necessitada anda disso. E "circunstanciemos" as condições da época às que vigoram na actualidade.


Eis pois o texto de Fernando Pessoa (publicado em "Fernando Pessoa - Sobre Portugal - introdução ao problema nacional", Drª Maria Isabel Rocheta e Drª Maria Paula Morão, Edições Ática, Fevereiro de 1979" :


"No seu sentido superior e profundo, a desvalorização internacional da nação portuguesa deriva de três factores conjugados (da acção conjugada de três factores) - a incultura, geral como profissional, do indivíduo português e sobretudo do indivíduo das classes médias; a deficiência de propaganda de Portugal no estrangeiro; e a ausência de consciência superior da nacionalidade.


Seria, tanto inútil como por demais extenso, procurar as causas da existência e concorrência (acção concorrente) destes três factores. A causa fundamental, não há dúvida, é a longa decadência em que entrámos desde o fim da dinastia de Avis. Por decairmos, decaíram paralelamente o indivíduo português e o Estado Português, administrado por esses indivíduos. E, decaindo o indivíduo e o Estado, deixou de haver uma consciência superior da nacionalidade e dos fins nacionais, porque um povo decadente servido por um estado indiferente, a não pode ter; deixou de haver cultura geral, porque nem o estado educava, nem nos indivíduos havia, por decadentes, o interesse civilizado pela cultura; deixou de haver cultura profissional, porque, ausente o estímulo, de orgulho nacional, de concorrer com outras nações, desaparecia a razão para o aperfeiçoamento de cada um no seu mister; e deixou de haver a precisa propaganda de Portugal no estrangeiro, porque, falhos de classes superiores internacionalmente proeminentes, não tínhamos a propaganda natural da superioridade ou nas artes ou nas ciências, e, mal administrado o Estado, não o havia de ser bem exclusivamente na parte superior da diplomacia, nem, falho o orgulho nacional, havia quem, individualmente, se ocupasse em o erguer ante o estrangeiro.



Não ocupamos, ante o geral da civilização, lugar mais proeminente, antes menos, do que no abismo da nossa decadência. O nosso homem das classes médias - e as classes médias são o esteio de um país - é mal culto, ignorante, profissionalmente instintivo ou atado (profissionalmente no comércio); a propaganda da nossa terra é descurada pelo estado, absorvido por políticos, pelos indivíduos, desnacionalizados e inertes, para tudo quanto não seja os seus baixos interesses ou os interesses superiores da sua política inferior; e a invasão das ideias estrangeiras, pervertendo a própria substância do patriotismo que restava entre nós, privou-nos de podermos criar, não já um orgulho nacional, mas uma simples consciência superior da nossa nacionalidade.


Em matéria cultural, o que se tem feito é quase nada. Quem há culto entre nós, a si próprio se cultiva, e as mais das vezes mal, quase sempre anti-nacionalmente. Em matéria de propaganda, a única instituição criada para esse fim, a inepta Sociedade de Propaganda de Portugal, nada faz porque, sendo uma espécie de escol de incompetentes, nada sabe fazer. E em matéria de consciência superior da nacionalidade, a maioria dos portugueses nem sequer sabem que isso existe.
É preciso criar um organismo cultural capaz de substituir o estado nestas funções. Escusa de ter aspecto de potência adentro da Pátria: basta que tenha a precisa noção superior dos seus fins.


Deve essa organização visar três fins: (1) a criação de uma atitude cultural nas classes médias, porque são elas as em que assenta a vida nacional, e os comerciantes sobretudo, porque, sobre serem eles a parte mais forte das classes médias, são a parte mais representativa delas, dado o carácter comercial da nossa época; (2) a criação de uma propaganda ordenada e científica de Portugal no estrangeiro; (3) A criação lenta e estudada de uma atitude donde derive uma noção de Portugal como pessoa espiritual".








.


.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Como somos diferentes !!

Há cerca de 2 meses enviei o mail abaixo ao Ministério da Cultura. Não obtive até agora qualquer resposta. Acontece que há largos meses atrás enviei ao Governo Dinamarquês um outro mail protestando contra a caça às focas bebés naquele país, a qual, ainda por cima, é praticada de modo extremamente bárbaro (à paulada porque dizem que assim a pele que delas extraem fica com melhor qualidade e é melhor comercializada...). Cerca de 2 dias depois recebi uma desenvolvida resposta "justificativa" mas recebi-a!!


Eis o mail enviado ao nosso Ministério da Cultura:
"Exmos. Senhores/as,
Não sei se me estou a dirigir directamente à Senhora Ministra da Cultura (que há muito conheço por escutar as suas excelentes interpretações musicais na Antena 2 da RDP).


O tema deste e-mail é o seguinte:
todos nós já constatámos que Portugal e os portugueses são raramente referidos em noticiários ou em programas de televisões ou de rádios internacionais, em jornais e semanários internacionais, em revistas internacionais, etc. ao contrário do que acontece com Espanha e os espanhóis, para citar apenas os nossos vizinhos do lado. Isso deveria entristecer-nos a todos. Tenho reflectido muito sobre as causas dessa nossa ausência do panorama noticioso internacional e gostaria de que a situação se modificasse. Acho que uma das soluções poderia ser a criação de uma muito actuante "Secretaria de Estado para a Promoção da Cultura Portuguesa no Mundo" ou de uma instituição com nome e desiderato semelhante. Dedicar-se-iam elas à veemente divulgação da nossa música erudita (e não apenas erudita; à de toda a música, desde que de valor suficiente) e respectivos compositores e intérpretes, da nossa literatura, da nossa História, da nossa língua, (bem sei que nesta área já existe o Instituto Camões, mas parece não bastar) do nosso teatro, do nosso cinema, da nossa ciência e da nossa tecnologia, enfim, de todo o nosso património cultural. Não me refiro ao turismo, pois que para isso já existem organismos eficazes e suficientes.


Em minha casa entra-me o mundo através de muitas vias. Entram-me, por exemplo, centenas ou mesmo milhares de estações de rádio e de televisão (via internet e via antena parabólica própria) e, dado estar aposentado, todo o dia ouço muitas dessas estações de rádio (possuo muito equipamento que as amplifica em série na sala, tanto as que seguem aqui do computador para lá, como as que seguem do receptor digital ligado à parabólica). As que mais ouço são as de música erudita e as de Jazz. Pois bem: como todos sabemos, as composições, os compositores e os intérpretes espanhóis são constantemente referidos e transmitidos. Isto para já nem falar de composições de não espanhóis, mas inspiradas em temas relacionados com Espanha. Acerca de Portugal e do seu panorama musical sob todos os pontos de vista, praticamente nada se ouve. De vez em quando há uma estação neerlandesa e uma ou outra suiça ou francesa que emitem interpretações da pianista Maria João Pires. E pouco mais, quando temos vários outros compositores contemporâneos (António Vitorino de Almeida, Joly Braga-Santos, Luis de Freitas Branco, José Vianna da Motta, Frederico de Freitas Branco, Pedro Caldeira Cabral, Eurico Carrapatoso, Álvaro Cassutto, Emmanuel Nunes, Fernando Lopes-Graça, por exemplo) com música editada em discos e outros compositores mais antigos (João Domingos Bomtempo, Francisco Correia de Araújo, António Carreira, Alfredo Keil,Carlos Seixas, e tantos outros.
Escutam-se de quando em vez entrevistas a personalidades da cultura espanhola, mas nada se escuta acerca de personalidades da cultura portuguesa.


Estranho muito esta nossa invisibilidade, mesmo na Europa a que pertencemos. Consideram-nos periféricos e distantes, talvez quase africanos... Às vezes nem constamos nos... Boletins Meteorológicos da esmagadora maioria das estações de televisão... (resumem o nosso país a uma mancha cinzenta ao lado de Espanha, tratando-nos graficamente como uma obscura província da IBÉRIA...).
Será que o Ministério da Cultura se poderia interessar por este aspecto da divulgação persistente da nossa cultura através dos meios que proponho? Pelo que se vê, não bastam os adidos culturais das nossas Embaixadas.


Com os melhores cumprimentos, subscrevo-me,
muito atentamente,
Mário César Borges Marques de Abreu
Urbanização da Quinta Grande - Alfragide Norte"