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domingo, 24 de abril de 2011

Fernando Pessoa, em 1919, sobre Portugal


Já dizia Fernando Pessoa em "Como organizar Portugal", na publicação "Acção", Órgão do núcleo de acção nacional, 1919 : "Há só um género de transformação, aplicável a uma nação inteira, e pela qual se lhe avive o espírito e se lhe desperte interesse e vontade: é uma transformação profissional. E, como se trata de um país atrasado, e todos os países atrasados são predominantemente agrícolas, é evidente que a única transformação profissional a fazer, e que preenche todas as condições exigidas, é a industrialização sistemática do país . E acrescentava em jeito de síntese: "Educação simultaneamente da inteligência e da vontade, transformador ao mesmo tempo da mentalidade geral e do atraso material do país, o industrialismo sistemático, sistematicamente aplicado, é o remédio para as decadências de atraso, é portanto o remédio para Portugal." Fim de citação.
Durante muitos anos tentou-se de facto industrializar o país. Exemplos disso foram as empresas industriais do Grupo CUF - Companhia União Fabril (Sector Químico): fábricas de óleos alimentares e sabões, produção de azoto (na União Fabril do Azoto), Compostos vinílicos (na PREVINIL), Bioquimica (na Microfabril) e em muitos outros sectores industriais, conforme se pode comprovar neste artigo da Wikipedia

Companhia União Fabril

Com a Revolução de 25 de Abril de 1974 (aliás muito bem vinda por nos ter libertado da execrável ditadura salazarista do Estado Novo) houve muitos desvarios cometidos por alguns dos partidos da esquerda e da extrema esquerda (felizmente apenas alguns) e a companhia foi desmembrada e nacionalizada, tendo cessado a quase totalidade das suas actividades. O mesmo aconteceu a outras empresas como a Sacor, a Petrosul, a Sonap, a Cidla, a Companhia de Caminhos de Ferro Portugueses, a Companhia Nacional de Navegação, a Companhia Portuguesa de Transportes Aéreos Portugueses, a Siderurgia Nacional, a Aliança Eléctrica do Sul, a Companhia Eléctrica do Alentejo e Algarve, a Companhia Eléctrica das Beiras, a Companhia Hidroeléctrica do Norte de Portugal, as Companhias Reunidas Gás e Electricidade, a Companhia Portuguesa de Electricidade, a Eléctrica Duriense, a Empresa Hidroeléctrica do Coura, a Empresa Hidroeléctrica da Serra da Estrela, a Empresa Insular de Electricidade, a Hidroelétrica do Alto Alentejo, a Hidroeléctrica Portuguesa, a Sociedade Eléctrica do Oeste e, finalmente, a União Eléctrica Portuguesa. A Sonap e a Siderurgia Nacional, por exemplo, eram empresas que também muito contribuíam industrialmente para a riqueza do país e para a criação e manutenção de emprego.
É de empresas destas que actualmente necessitamos. E era isto que, com a sua ampla visão, já via Fernando Pessoa em 1919.