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quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A periferia da Islândia...

Há quem me fale da periferia da Islândia, apontando-a como exemplo de país periférico com índices económicos e culturais notáveis. Islândia que tem uma taxa de analfabetismo de 0%. Pois essa Islândia está hoje falida, insolvente, tal como a Estónia. Antes da crise financeira internacional possuía um nível de vida inultrapassável, apesar da sua situação extremamente periférica. Eis o que tenho a dizer sobre o assunto:
1) A Islândia foi uma província da Dinamarca (e, antes,da Noruega) até adquirir a independência creio que por volta de 1926. Até então houve uma espécie de osmose entre as duas culturas.
2) A economia islandesa - uma economia social de mercado que beneficia os seus cidadãos com generosos subsídios para habitação, por exemplo - sempre se baseou essencial e quase exclusivamente - até hoje - na actividade das pescas (98% do PIB), nos produtos derivados da pesca e na exportação destes produtos, muito especialmente para os Estados Unidos. Apenas desde há poucos anos começou a diversificar a sua economia para áreas industriais específicas de pequena dimensão. Porquê? Dever-se-á isso exactamente à sua situação periférica? As pescas são uma actividade humana ancestral, tradicional. Aquele povo nórdico, isolado do resto da Europa, entregou-se desde cedo a esta actividade económica tradicional e permaneceu apegado a ela durante séculos. O seu isolamento em relação ao resto da Europa também não contrbuiu para a atracção/captação de investimentos estrangeiros que promovessem a diversificação das actividades económicas.

Actualmente - devido à crise internacional vigente - a Islândia não possui recursos financeiros para pagar a sua dívida externa (principalmente ao Reino Unido e à França), e já teve de recorrer a empréstimos do FMI, com elevadas taxas de juro). Os seus três maiores Bancos abriram falência no final de 2008. Foram criados pelo Estado novos Bancos, geridos por este, para estabilizar o valor da moeda (Krona) e para garantir depósitos externos existentes nos Bancos islandeses.
Espera-se que a taxa de desemprego ultrapasse os 10% em 2010. Existe agora uma forte corrente de opinião a favor da adesão à União Europeia e da adopção do Euro.

Entre outras consequências, a periferia tem destas coisas...