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domingo, 23 de setembro de 2012



Recomendo vivamente a leitura deste livro: Génese Cultural da Europa-Séculos  V-VIII
Autor Michel Banniard, edicão original: Éditions du Seuil, Paris 1989
Edição portuguesa: Terramar, Lisboa

Por este livro se vê como os povos da restante Europa (desde os da Europa mediterrânica, até aos do Centro e Norte da Europa), sempre se comunicaram e intercambiaram as suas culturas e as suas línguas. Os efeitos deste intercâmbio (se bem que entre-cortado por combates e guerras de conquista de quando em quando) são fáceis de compreender. A cultura europeia sempre foi muito rica. Nós optámos, e bem mais tarde, por outras vias e, fundamentalmente, por outras culturas extra-europeias.
Antes disso vivíamos mais ou menos isolados, de costas para a Europa, olhando o mar, apenas banhados, nas épocas remotas, por alguns resquícios de cultura muçulmana ao sul, mas depois, principalmente pelas profundas influências culturais do cristianismo, através da igreja católica. Faltaram nessas épocas outras influências do continente europeu, salvo raras excepções.
Uma das qualidades mais admiráveis de um ser humano é ter um perímetro de curiosidade, de ânsia de saber, o mais vasto e amplo possível.
Mesmo que esse novo saber fique fora dos seus focos de interesse quotidianos, obrigatórios. Saber sempre e cada vez mais deverá ser o seu objectivo.
Procurar o vértice. Vértice esse que talvez nos vá levando a aproximar do Criador de tudo o que nos rodeia e que é um enigma que qualquer ser humano sempre procurou desvendar, não resignado com o enigma. Atrevo-me a dizer: exista ou não, esse Ele Criador.
Em todos os âmbitos da realidade humana, em todas as esferas que até nos possam afectar a vida.
E, especificamente, no âmbito da actualidade há sempre um nicho, ao longo de um dia, para procurar saber, para ver e entender o que se passa, para conversar sobre isso. O ter actividades obrigatórias noutras áreas, no dia a dia, não impede que se não queira saber o que vai acontecendo, mesmo nas áreas do que não nos é obrigatório, ou parece estar fora dos nossos interesses imediatos.
Um dos factores que fazem com que este país seja um dos menos desenvolvidos da Europa é a falta, de certo modo exagerada, de curiosidade, de interesse, e de procura do saber amplo, vasto, mesmo que ele se situe fora da esfera imediata dos nossos interesses . Todos sabemos que, felizmente, o nível de alfabetização no nosso país melhorou exponencialmente no decurso dos últimos trinta anos. É de louvar e de agradecer aos revoltosos que, no 25 de Abril de 1974, nos libertaram da asfixiante ditadura salazarista que tanta opressão causou e que tanto crime praticou através da sua polícia política, a PIDE, depois DGS já na era marcelista. Contudo, uma realidade é a alfabetização, e outra é a amplitude e a diversidade dos conhecimentos da população em geral. Veja-se por exemplo, a base de dados Pordata: Número de utilizadores de bibliotecas por mil habitantes

http://www.pordata.pt/Portugal/Bibliotecas+utilizadores+por+mil+habitantes+%281960+2003%29-589
 

Esta busca do saber é ainda mais premente nesta época ímpar em que vivemos. Está em jogo o nosso futuro e o dos nossos descendentes! Mesmo que nada possamos fazer para modificar as estatísticas e a realiadde, ou porque já somos idosos, ou porque temos problemas de saúde, ou porque não temos aparente poder para modificar seja o que for. Pelo menos demonstramos que estamos ainda vivos. Se pudermos, demonstre-mo-nos, por exemplo, em manifestações públicas. Para que nos vejam. Para que não pensem que são só eles, os que dizem governar-nos, que ainda por cá andam a impor-nos as suas leis, tantas vezes cegas, iníquas e desumanas. As suas leis geradas por cálculos numéricos e em que o Ser humano não é mais do que um algarismo.

Mas, talvez acima de tudo, para aproveitarmos o espírito e a alma que o Criador, ou a tal energia do Universo, não sabemos como, nos conferiu. Para que Ele, ou a energia que o representa, vejam que lhes VALEU a pena ter-nos criado. E para lhes demonstrarmos que não somos amorfos, inertes e vazios, como folhas mortas e sem esperança, caídas de uma árvore no despontar do Outono.