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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Como somos diferentes !!

Há cerca de 2 meses enviei o mail abaixo ao Ministério da Cultura. Não obtive até agora qualquer resposta. Acontece que há largos meses atrás enviei ao Governo Dinamarquês um outro mail protestando contra a caça às focas bebés naquele país, a qual, ainda por cima, é praticada de modo extremamente bárbaro (à paulada porque dizem que assim a pele que delas extraem fica com melhor qualidade e é melhor comercializada...). Cerca de 2 dias depois recebi uma desenvolvida resposta "justificativa" mas recebi-a!!


Eis o mail enviado ao nosso Ministério da Cultura:
"Exmos. Senhores/as,
Não sei se me estou a dirigir directamente à Senhora Ministra da Cultura (que há muito conheço por escutar as suas excelentes interpretações musicais na Antena 2 da RDP).


O tema deste e-mail é o seguinte:
todos nós já constatámos que Portugal e os portugueses são raramente referidos em noticiários ou em programas de televisões ou de rádios internacionais, em jornais e semanários internacionais, em revistas internacionais, etc. ao contrário do que acontece com Espanha e os espanhóis, para citar apenas os nossos vizinhos do lado. Isso deveria entristecer-nos a todos. Tenho reflectido muito sobre as causas dessa nossa ausência do panorama noticioso internacional e gostaria de que a situação se modificasse. Acho que uma das soluções poderia ser a criação de uma muito actuante "Secretaria de Estado para a Promoção da Cultura Portuguesa no Mundo" ou de uma instituição com nome e desiderato semelhante. Dedicar-se-iam elas à veemente divulgação da nossa música erudita (e não apenas erudita; à de toda a música, desde que de valor suficiente) e respectivos compositores e intérpretes, da nossa literatura, da nossa História, da nossa língua, (bem sei que nesta área já existe o Instituto Camões, mas parece não bastar) do nosso teatro, do nosso cinema, da nossa ciência e da nossa tecnologia, enfim, de todo o nosso património cultural. Não me refiro ao turismo, pois que para isso já existem organismos eficazes e suficientes.


Em minha casa entra-me o mundo através de muitas vias. Entram-me, por exemplo, centenas ou mesmo milhares de estações de rádio e de televisão (via internet e via antena parabólica própria) e, dado estar aposentado, todo o dia ouço muitas dessas estações de rádio (possuo muito equipamento que as amplifica em série na sala, tanto as que seguem aqui do computador para lá, como as que seguem do receptor digital ligado à parabólica). As que mais ouço são as de música erudita e as de Jazz. Pois bem: como todos sabemos, as composições, os compositores e os intérpretes espanhóis são constantemente referidos e transmitidos. Isto para já nem falar de composições de não espanhóis, mas inspiradas em temas relacionados com Espanha. Acerca de Portugal e do seu panorama musical sob todos os pontos de vista, praticamente nada se ouve. De vez em quando há uma estação neerlandesa e uma ou outra suiça ou francesa que emitem interpretações da pianista Maria João Pires. E pouco mais, quando temos vários outros compositores contemporâneos (António Vitorino de Almeida, Joly Braga-Santos, Luis de Freitas Branco, José Vianna da Motta, Frederico de Freitas Branco, Pedro Caldeira Cabral, Eurico Carrapatoso, Álvaro Cassutto, Emmanuel Nunes, Fernando Lopes-Graça, por exemplo) com música editada em discos e outros compositores mais antigos (João Domingos Bomtempo, Francisco Correia de Araújo, António Carreira, Alfredo Keil,Carlos Seixas, e tantos outros.
Escutam-se de quando em vez entrevistas a personalidades da cultura espanhola, mas nada se escuta acerca de personalidades da cultura portuguesa.


Estranho muito esta nossa invisibilidade, mesmo na Europa a que pertencemos. Consideram-nos periféricos e distantes, talvez quase africanos... Às vezes nem constamos nos... Boletins Meteorológicos da esmagadora maioria das estações de televisão... (resumem o nosso país a uma mancha cinzenta ao lado de Espanha, tratando-nos graficamente como uma obscura província da IBÉRIA...).
Será que o Ministério da Cultura se poderia interessar por este aspecto da divulgação persistente da nossa cultura através dos meios que proponho? Pelo que se vê, não bastam os adidos culturais das nossas Embaixadas.


Com os melhores cumprimentos, subscrevo-me,
muito atentamente,
Mário César Borges Marques de Abreu
Urbanização da Quinta Grande - Alfragide Norte"