Na realidade, até agora parece que ninguém sabe bem qual é a solução para esta crise económica e financeira global. O comunismo da União Soviética e de alguns outros Estados que a ele aderiram, colapsou e esteve impregnado de grandes injustiças e violações de direitos humanos, com mais que relatadas perseguições aos dissidentes e outras desumanidades ignóbeis, simulando a equidade social e a sociedade justa; o socialismo deu realmente alguns resultados onde vigorou ou onde ainda vigora, (Serviços de Saúde acessíveis a baixo custo, benefícios nos sistemas de ensino, os mais diversos subsídios de auxílio às situações de precariedade, etc.) mas entre nós, entre outros bem mais graves, foi um dos factores - pois há muitos outros - que, infelizmente, levaram o nosso país à pré-bancarrota. É que os encargos respectivos, bem intencionadamente assumidos pelos sistemas socialistas, no nosso caso acabaram por se revelar insuportáveis pela nossa débil economia e pelos nossos escassos recursos financeiros por ela gerados. Outro factor é igualmente o facto de os governos se revelarem sempre indisponíveis para lutarem contra os privilégios de que gozam certas classes sociais que, impunemente, colocam os seus lucros em paraísos fiscais, fugindo assim à fiscalidade interna. O socialismo introduziu de facto uma justa dose de humanismo na sociedade e na governação mas, na realidade, ele só será suportável se forem corrigidos muitos dos desperdícios e abusos praticados em muitas áreas da nossa sociedade por agentes que de humano pouco ou nada têm e que apenas pensam nos seus bolsos e nos seus interesses. E é isso que se terá de fazer se se quiser optar definitivamente pelo humanismo, pelo socialismo e pela justiça social entre nós: muito maior equidade na repartição dos recursos e nenhum abuso na definição dos rendimentos que uma grande quantidade de dirigentes e outros cidadãos auferem, tanto em empresas privadas, como em empresas públicas ou semi-públicas.
O que fazer então para obter esse resultado? Vai ter de mudar muita coisa a nível nacional e internacional. Vai ter de se introduzir uma transformação profunda no sistema económico e financeiro (principalmente no financeiro) convencendo os Bancos - através de impostos a isso destinados - a repartirem uma parte dos seus lucros em benefício dos serviços sociais, dos menos favorecidos e dos desempregados que o sistema criou. Se for preciso, modificando alguns paradigmas e fundamentos das Constituições nacionais. Modificando profundamente o modo de pensar, estritamente capitalista, que já vem dos tempos da Idade Média, quando surgiram as primeiras e ainda primitivas instituições que começaram a praticar uma agiotagem desmesurada. Estas instituições e este sistema bancário chegaram ao fim se não modificarem as suas práticas, e estão a dar cabo de todas as sociedades humanas. Que reflictam e que aceitem agir de outro modo é preciso !! Se assim não for, criar outras instituições financeiras onde vigorem princípios bem mais humanos é preciso ! Abandonar e refutar os empedernidos e egoístas modos de pensar em vigor é preciso ! Os lucros que normalmente auferem terão chegado para isso. Pôr termo à ostentação também é necessário.
Eliminar ou transformar profundamente as Bolsas mundiais através das quais investem os especuladores financeiros é igualmente preciso. Estes não contribuem em nada para a produção mundial e só introduzem factores de confusão e de inverdade na realidade financeira mundial. A valoração das acções empresariais deverá corresponder realmente ao que estas produzam e não a fantasias impulsivas de maiores ou menores capitalistas.
Igualmente necessário é aplicar pesados impostos aos rendimentos de tantos que os auferem desproporcionadamente elevados, ostentando (é o verbo adequado) essa riqueza do modo mais anticristão (no sentido genuíno, de acordo com os conceitos que foram pregados e em que se diz que as nossas sociedades ocidentais assentam), e do modo mais despudorado possível. Esses que há séculos se estão a sorrir dos carentes que, se o são, muitas vezes àqueles o devem. E reservar o resultado dessa fiscalidade directamente à prestação de serviços sociais e a outras medidas que estimulem o desenvolvimento económico e a criação de empregos. Não é função das entidades bancárias? Pois uma das suas funções pode passar a ser essa. O mundo é hoje outro.
É realmente necessário mudar de alto a baixo o actual modo de pensar, e introduzir - e aceitar - novos conceitos até agora repudiados e até nem sequer imaginados.
Parece tudo isto utópico? Sim, de acordo com os parâmetros e paradigmas de pensamento actuais. A situação actual não é a que foi e é realmente inédita devido aos seus novos aspectos globais. Para que alguma estrutura do sistema se mantenha ou ainda reste, é necessário que ele admita funcionar de outro modo, menos "egocêntrico". Se assim não for, as entidades bancárias continuarão a sofrer a descapitalização por que estão a passar, reflexo da desconfiança dos depositantes e do sistema financeiro. É que se está realmente a passar por um final de ciclo que durou séculos.
Consequências culturais, sociais, temperamentais. históricas, sociológicas, económicas, etc. da periferia de Portugal na Europa. Outros diversos temas serão também tratados, que não cabem no título deste blogue. Citação: A inspiração chega de formas imprevisíveis, Richard Zenith, no Prefácio ao Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa, Editora Assírio & Alvim.
terça-feira, 18 de outubro de 2011
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Então ontem, Frau Angela Merkel invocou Portugal e referiu-o à Itália como país exemplar por estar bem decidido a cumprir os objectivos da Troika ... O que ela não disse foi que isto dos objectivos da Troika tem duas faces (como as moedas): a contracção das despesas e o aumento dos impostos levam inevitavelmente à recessão económica e ao aumento do desemprego. E Portugal já é na Europa o país que menos cresce. E assim temos "uma pescadinha de rabo na boca"... E depois? Como é? A quem serviremos de exemplo Frau Angela?>
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