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terça-feira, 18 de outubro de 2011

Os Indignados e a Ostentação da Riqueza

Na realidade, até agora parece que ninguém sabe bem qual é a solução para esta crise económica e financeira global. O comunismo da União Soviética e de alguns outros Estados que a ele aderiram, colapsou e esteve impregnado de grandes injustiças e violações de direitos humanos, com mais que relatadas perseguições aos dissidentes e outras desumanidades ignóbeis, simulando a equidade social e a sociedade justa; o socialismo deu realmente alguns resultados onde vigorou ou onde ainda vigora, (Serviços de Saúde acessíveis a baixo custo, benefícios nos sistemas de ensino, os mais diversos subsídios de auxílio às situações de precariedade, etc.) mas entre nós, entre outros bem mais graves, foi um dos factores - pois há muitos outros - que, infelizmente, levaram o nosso país à pré-bancarrota. É que os encargos respectivos, bem intencionadamente assumidos pelos sistemas socialistas, no nosso caso acabaram por se revelar insuportáveis pela nossa débil economia e pelos nossos escassos recursos financeiros por ela gerados. Outro factor é igualmente o facto de os governos se revelarem sempre indisponíveis para lutarem contra os privilégios de que gozam certas classes sociais que, impunemente, colocam os seus lucros em paraísos fiscais, fugindo assim à fiscalidade interna. O socialismo introduziu de facto uma justa dose de humanismo na sociedade e na governação mas, na realidade, ele só será suportável se forem corrigidos muitos dos desperdícios e abusos praticados em muitas áreas da nossa sociedade por agentes que de humano pouco ou nada têm e que apenas pensam nos seus bolsos e nos seus interesses. E é isso que se terá de fazer se se quiser optar definitivamente pelo humanismo, pelo socialismo e pela justiça social entre nós: muito maior equidade na repartição dos recursos e nenhum abuso na definição dos rendimentos que uma grande quantidade de dirigentes e outros cidadãos auferem, tanto em empresas privadas, como em empresas públicas ou semi-públicas.
O que fazer então para obter esse resultado? Vai ter de mudar muita coisa a nível nacional e internacional. Vai ter de se introduzir uma transformação profunda no sistema económico e financeiro (principalmente no financeiro) convencendo os Bancos - através de impostos a isso destinados - a repartirem uma parte dos seus lucros em benefício dos serviços sociais, dos menos favorecidos e dos desempregados que o sistema criou. Se for preciso, modificando alguns paradigmas e fundamentos das Constituições nacionais. Modificando profundamente o modo de pensar, estritamente capitalista, que já vem dos tempos da Idade Média, quando surgiram as primeiras e ainda primitivas instituições que começaram a praticar uma agiotagem desmesurada. Estas instituições e este sistema bancário chegaram ao fim se não modificarem as suas práticas, e estão a dar cabo de todas as sociedades humanas. Que reflictam e que aceitem agir de outro modo é preciso !! Se assim não for, criar outras instituições financeiras onde vigorem princípios bem mais humanos é preciso ! Abandonar e refutar os empedernidos e egoístas modos de pensar em vigor é preciso ! Os lucros que normalmente auferem terão chegado para isso. Pôr termo à ostentação também é necessário.
Eliminar ou transformar profundamente as Bolsas mundiais através das quais investem os especuladores financeiros é igualmente preciso. Estes não contribuem em nada para a produção mundial e só introduzem factores de confusão e de inverdade na realidade financeira mundial. A valoração das acções empresariais deverá corresponder realmente ao que estas produzam e não a fantasias impulsivas de maiores ou menores capitalistas.
Igualmente necessário é aplicar pesados impostos aos rendimentos de tantos que os auferem desproporcionadamente elevados, ostentando (é o verbo adequado) essa riqueza do modo mais anticristão (no sentido genuíno, de acordo com os conceitos que foram pregados e em que se diz que as nossas sociedades ocidentais assentam), e do modo mais despudorado possível. Esses que há séculos se estão a sorrir dos carentes que, se o são, muitas vezes àqueles o devem. E reservar o resultado dessa fiscalidade directamente à prestação de serviços sociais e a outras medidas que estimulem o desenvolvimento económico e a criação de empregos. Não é função das entidades bancárias? Pois uma das suas funções pode passar a ser essa. O mundo é hoje outro.
É realmente necessário mudar de alto a baixo o actual modo de pensar, e introduzir - e aceitar - novos conceitos até agora repudiados e até nem sequer imaginados.

Parece tudo isto utópico? Sim, de acordo com os parâmetros e paradigmas de pensamento actuais. A situação actual não é a que foi e é realmente inédita devido aos seus novos aspectos globais. Para que alguma estrutura do sistema se mantenha ou ainda reste, é necessário que ele admita funcionar de outro modo, menos "egocêntrico". Se assim não for, as entidades bancárias continuarão a sofrer a descapitalização por que estão a passar, reflexo da desconfiança dos depositantes e do sistema financeiro. É que se está realmente a passar por um final de ciclo que durou séculos.

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